Balé

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EXPOCÉU

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AGOSTO - 2011

BULLYING

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Diga não ao Bullying - Brincadeiras sem graça.

SEMANA CULTURAL - Nega

SEMANA CULTURAL - Nega
MAIO - 2011

terça-feira, 29 de junho de 2010

Posse dos vereadores mirins - Chapadão do Céu - Go

ACONTECEU A POSSE DOS VEREADORES MIRINS ONTEM - 28/06/2010 - CHAPADÃO DO CÉU - CÂMARA DOS VEREADORES


PARABÉNS A TODOS












































Vereadores da Escola Flores do Cerrado: Dagimara, Divino, Kyanne e Micaela.

domingo, 27 de junho de 2010

Texto de Memória - Olimpíadas de Português

Minha vida
Tenho mais de 70 anos, meu nome é Maria José de Lima, tenho 9 filhos e 11 bisnetos, estou morando em Chapadão do Céu a mais de 25 anos, na época em que cheguei nesta cidade, era tudo mato,  uma fazenda, quase não havia casas e ao invez de ruas, eram trilheiras. Quase não encontrava-se lixo no chão, pois não havia muito movimento. Havia só um armazém que era do seu Alberto, fundador da cidade.
Eu lavava roupa e cozinhava para os peões, a comida que eu mais fazia era arroz, feijão e carne.
Um dos primeiros mercados da cidade foi o Morais e depois o Paranã, as coisas eram quase de graça em relação aos preços de hoje em dia.
Os rios de águas claras e bem geladas sobre as pedras com suas cascatas era um lugar onde as crianças brincavam nadando e era lá de vez enquando.
As crianças iam para a escola e quando faziam bagunça, elas ficavam de castigo no canto da parede em cima de grãos de milho, tampas de garrafas e pedras britas. O lanche era a professora quem fazia, hoje já tem as próprias pessoas que fazem lanches para os alunos.
Os homens, eram separados  das mulheres nas brincadeiras.
Tudo hoje mudou, existe praça, Parque Aquático, o Clube do Céu. Antigamente não existia clubes íamos para a beira de rios e córregos, as pessoas antigamente tinham apenas um ou dois brinquedos, o divertimento eram outros tipos, amarelinha, pique no ar, boneca de sabugo de milho, carrinho de madeira e queima com bola de meia.
Também quem estudava nas escolas públicas eram apenas quem tinha dinheiro e quem morava nas cidades. Não tive estudos e por isso fiz questão que meus filhos estudassem.
Me lembro quando tudo na cidade era quieto e limpo, " Que saudades daquela época..."

Ângela - 9º ano Esmeralda.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Olimpíadas de Língua Portuguesa

Hoje os alunos do 8ºano Ametista, visitaram uma moradora antiga da cidade Dona Lúcia, com 72 anos, vinda da Argentina, residente em Chapadão do Céu a 23 anos; viu a cidade crescer e desenvolver. "Vocês devem acreditar em Deus, ter fé e perseverança, que tudo consegue na vida, nunca abandone os estudos."

Sugestões para o questionário da entrevista do visitante.
  • MODOS DE VIVER DO PASSADO: o jeito de namorar, frequentar a escola, brincar, cozinhar, relacionar-se com os pais; o modo de vestir, comprar, viajar, cultivar a terra, comercializar, produzir objetos, festejar datas especiais; a participação na vida social.
  • TRANSFORMAÇÕES FÍSICAS DA COMUNIDADE: aparência das construções, ruas e praças de outros tempos, história da construção de edifícios, do crecimento da cidade da destruição da natureza do lugar.
  • ORIGEM DA COMUNIDADE: se a comunidade for nova, poderá haver pessoas que tenham lembranças de como ela começou por que motivo, de onde vieram os primeiros habitantes, como eram as primeiras moradias, as escolas, os hospitais.
  • ANTIGOS LUGARES DE TRABALHO: uma fábrica que deu emprego a muita gente e fechou, uma fazenda onde as pessoas trabalhavam e moravam, uma empresa pequena que cresceu muito, uma venda que virou supermercado, as pequenas ojas que desapareceram com a chegada dos shopping center.
  • PROFISSÕES QUE DESAPARECERAM: nas grandes cidades, por exemplo, os leiteiros e padeiros que vinham com suas carrocinhas entregar leite e pão, as costureias que trabalhavam nas fábricas de roupa ou nas casas de pessoas abastadas, as datilógrafas e suas máquinas de escrever.
  • EVENTOS MARCANTES: uma grande enchente, uma comemoração importante, uma festa tradicional, a vinda de um presidente, o buraco que se abriu no chão e engoliu parte do birro, um grande acidente, uma vitória marcante do time da cidade.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

LIVROS LIDOS PELOS ALUNOS DO 8º AMETISTA

As surpresas do Corpo
Bom esse livro fala sobre as mudanças do corpo. Sobre dois meninos e duas meninas que eram crianças até um certo tempo e que agora tudo mudou, não tem amis aquele arsinho de criança, aquele olhar inocente e um rostinho de pêssego.
Agora eles se vestem diferentes com roupas da moda, seus pais não escolhem mais as roupas, não levem mais à escola e não os tratam acomo ante.
Kauanne - 8º ano Ametista.

O lambe - lambe
Eu entendi que ra um menino órfão, que ficava em uma praça tirando fotos e cantando para ganhar seu troco.

Antes e depois
Nem sempre foi assim, belo, diferente e a educação desenvolvida.
No tempo de meus pais não era obrigatório aos estudos.
Minha mãe conta para mim, que em seu tempo não era igual ao de hoje. Eles para irem à escola, levavam os materiais escolares em saquinhos de arroz.
Nós estamos num paraíso, minha mãe tem vontade de estudar novamente, mas não tem cabeça para os estudos.
Não tinha roupa para ir estudar, ia de chinelo e shortes. Minha mãe queria estar hoje formada na educação, ser professora, assim teria dado aula para mim.
Meus pais para irem à escola, andavam léguas, a léguas.
Hoje nós estamos no céu, mudaram muitas coisas como: a tecnologia, aprendizagem, o comércio, etc...
Luan Ricardo - 8º ano Ametista

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Exposul bate de 10 na programação,população parabeniza Rudimar



Foi realizado na 18ª exposul de Chapadão do Sul – MS,onde na noite de sábado 05/05/2010 o grandioso show com Michel Telo,assim como Calcinha Preta,Bruno e Marrone o Michel Telo atendeu a todos,a imprensa e fãns,ao contrario aconteceu com o show de Cantor Luana Santana,pois a imprensa não teve acesso ao cantor ,falaram a nossa reportagem que a ordem era da produção do Luana Santana,inclusive recebemos muitos recadinhos pesados em nosso sistema de torpedos,não publicamos e pedimos desculpas aos internaltas que mostraram suas indignações com o cantor,inclusive um dos recados foi de uma pessoa de Costa Rica – MS dizendo que quando o Luan Santana,na época era Gurizinho esteve em lá em sua cidade ele implorava para os outros tirar fotos e divulgar seu trabalho,e hoje virou estrela com a fama conquistado por ele e divulgado pela IMPRESA QUE NÃO FOI ATENDIDA.

Fonte: Destakinews.

sábado, 5 de junho de 2010

REGRAS DE OURO PARA LER A BÍBLIA

“Eis a principal regra de ouro: ler a Bíblia todos os dias. Sem exceção. Leia quando tiver vontade e quando não tiver também! É como remédio: com ou sem vontade, tomamos, porque é necessário. Com a Bíblia é a mesma coisa. E nos tempos em que vivemos isso é premente”.

1. Leia a Bíblia todos os dias;

2. Tenha uma hora marcada para a Leitura;

3. Marque a duração da Leitura;

4. Escolha um bom lugar;

5. Leia com lápis ou caneta na mão;

6. Faça tudo em espírito de oração.

O principal interesse de Deus não é tanto fazer você escutar, mas falar com você. Ele deseja instruir você. Quer conduzi-lo ao conhecimento da verdade. Por isso, esteja atento, fique alerta; mantenha-se numa atitude de expectativa. Deus tem algo de bem pessoal e concreto para lhe dizer!

Fonte: DDC – Dimensão da Doutrina Cristã – 6ª edição – Caminho, Verdade e Vida


Os cristãos católicos também comemoraram o dia 03 de junho - Corpus Christi em Chapadão do Céu - GO

































 

quinta-feira, 3 de junho de 2010

VEJA A HISTÓRIA DE SÃO CARLOS BORROMEU

São Carlos Borromeu, peça-mestra da Contra-Reforma católica e do Concílio de Trento

Peça-mestra da Contra-Reforma católica, grande propugnador do Concílio de Trento, realizou profunda reforma na arquidiocese de Milão. Foi um exemplo de verdadeiro Pastor, por seu zelo pelas almas e santidade de vida. Carlos Borromeu nasceu no castelo de Arona, nas margens do Lago Maior, Ducado de Milão, a 2 de outubro de 1538, filho dos condes Gilberto e Margarida de Médici. A mãe era irmã do Cardeal João Ângelo, que seria elevado ao sólido pontifício com o nome de Pio IV. Dizia-se do conde que levava mais a vida de monge que a de grande senhor, rezando diariamente o breviário e dedicando muitas horas à oração e às boas obras. A condessa emulava com ele em piedade. Todos os biógrafos do futuro santo mencionam uma claridade extraordinária que envolveu o castelo de Arona quando nascia o menino, tomada como sinal a denotar a luz de santidade que o recém-nascido projetaria em toda a Cristandade.
Com pais tão virtuosos, era natural que também se desse logo cedo à piedade, sendo suas distrações montar altares e repetir cerimônias que via na igreja. Desabrochou logo cedo em Carlos à vocação sacerdotal, de modo que já aos oito anos recebeu a primeira tonsura; aos 12, seu tio, Júlio César Borromeu, resignou em seu nome a Abadia de São Graciano e São Felino. Apesar da pouca idade, Carlos estava ciente de que as rendas da abadia era patrimônio dos pobres. Pediu ao pai que as considerasse assim, e que fossem empregadas exclusivamente para esse fim. Sua infância e juventude, como predestinado desde o berço, foram de grande inocência e perfeita integridade de costumes. Mesmo quando foi terminar seus estudos na Universidade de Pavia, geralmente conhecida pela debochada vida de seus estudantes, Carlos soube permanecer ileso naquele ambiente, com o auxílio da Virgem Santíssima, por quem nutria filial e confiante devoção, e dos sacramentos da confissão e comunhão. Cardeal Arcebispo aos 22 anos.

Aos 21 anos Carlos doutorou-se nos Direitos civil e eclesiástico. Seus pais tinham já falecido. Sua carreira começaria cedo, pois no ano seguinte seu tio João Ângelo, eleito Papa, chamou-o para junto de si, fê-lo Cardeal Arcebispo de Milão e encarregou-o, apesar de seus 22 anos, da maior parte do governo da Igreja.

Isto é, fê-lo Secretário de Estado sem o título, além de Protonotário Apostólico da firma pontifícia e várias outras honrarias. Não movido pela ambição, mas pela obediência, Carlos entregou-se ao trabalho. Diz um biógrafo: "Foi coisa admirável que, quanto possuía (causa comumente de ruína para os demais) foi-lhe de não pouca ajuda para a perfeição a que anelava, porque, ocupando tão grande posto e gozando de todos os bens que o ânimo mais altivo apenas atreveria prometer-se, achava tudo tão sem gosto e substância, que generosamente se deu a buscar um só e perfeito bem no qual achasse plena satisfação e cabal paz".(1) Carlos alojou-se, vestiu-se e mobiliou seus aposentos com magnificência, para sustentar sua qualidade de príncipe, de cardeal e de sobrinho do Papa.

Mas repentinamente ocorreu o falecimento do Conde Frederico, seu irmão mais velho, a quem o Papa chamara também a Roma e cumulara de honras. Todos esperavam que Carlos, não tendo ainda sido ordenado sacerdote e sendo agora o único herdeiro do nome da família, deixasse a carreira eclesiástica e se casasse para perpetuar o nome. Ele, pelo contrário, acelerou sua ordenação e consagração total a Deus de modo irrevogável. Considerando então a sublime dignidade sacerdotal e a obrigação que tinha de ser o bom odor de Cristo, despojou-se das ricas vestes de seda, simplificou o serviço de sua casa e escolheu o piedoso Pe. João Batista Ribeira, jesuíta, para seu diretor espiritual. Vendeu também boa parte do seu patrimônio entregando o valor aos tios com a condição de darem parte da renda para a assistência dos seminários, escolas gratuitas, hospitais, conventos e pobres. Grande propugnador do Concílio de Trento Uma de suas iniciativas mais importantes foi trabalhar para a conclusão do Concílio de Trento, que fora interrompido. Não podendo de ele participar, por causa de seus afazeres em Roma, empenhou-se na publicação de suas Atas e do Catecismo Romano, conforme dispunha o Concílio, e da reforma do breviário.

Trabalhou também para pôr em prática as resoluções dessa assembléia conciliar, principalmente no que diz respeito à reforma do Clero, contando para isso com a ajuda muito eficaz de São Felipe Néri. Cooperou também para a reforma da música sacra, decretada pelo Concílio, e pela adoção da polifonia proposta e executada pelo grande compositor Giovanni Pierluigi da Palestrina. Como a missão de um bispo é guiar suas ovelhas, começou, para esse fim, a exercitar-se na pregação, com assombro de todos, pois não era costume na época que cardeais se entregassem a esse ministério. Suas palavras penetravam a fundo, obtendo grande fruto. Conhecendo como era necessária aos bispos o conhecimento da doutrina católica para opor-se às falsas doutrinas dos hereges, começou o estudo de lógica e filosofia. Mas sobretudo queria pôr em prática as normas do Concílio em sua Arquidiocese de Milão, como pastor de almas que era. Depois de muito insistir, obteve do Papa licença para dela tomar posse. Autêntica reforma na diocese de Milão.

Chegando a Milão, o Cardeal Borromeu, seguindo a orientação do Concílio, começou a reforma do clero. Que este necessitava urgentemente de reforma, é certo, pois “os padres eram ainda mais desregrados que o povo; sua ignorância era tão grande, que a maioria não sabia as fórmulas dos sacramentos; alguns não acreditavam mesmo que fossem obrigados a se confessar, porque confessavam os outros”.
A bebedeira e o concubinato eram muito comuns entre eles, e acrescentavam a esses sacrilégios outros mais execráveis, pela administração dos sacramentos e celebração dos Santos Mistérios em um estado criminoso e escandaloso. [...] Os mosteiros femininos estavam [também] abertos a toda dissolução".(2)

Como o mal não era somente da cidade de Milão, mas de toda a arquidiocese, Carlos convocou um concílio provincial para promulgar os decretos do Concílio de Trento. A ele acorreram 11 bispos da região. Chegou a convocar seis concílios provinciais e 11 sínodos diocesanos com o mesmo fim.

Ele começou por sua própria casa a reforma que pregava, estabelecendo nela um regulamento para que todos vivessem com simplicidade e modéstia. Havia horário para as orações vocal e mental e para o exame de consciência, e ninguém podia ausentar-se desses atos sem permissão.

Os sacerdotes eram obrigados a confessarem-se todas as semanas e a celebrar o Santo Sacrifício diariamente. Os não-sacerdotes deveriam confessar-se e comungar semanalmente e assistir à Missa diariamente. As refeições eram em comum, com a leitura de algum livro de vida espiritual.

Enfim, ordenou sua casa como se fosse um colégio da Companhia de Jesus, com exercícios, costumes e ofícios semelhantes aos que há nas casas da Companhia. Ele dava o exemplo, sendo o mais observante de todos.

Mas, como tinha mais responsabilidade, pois era o pastor, passou a levar uma vida de verdadeiro anacoreta: dormia poucas horas, sobre umas pranchas, flagelava-se impiedosamente e comia pouco, chegando ao fim da vida a viver só de pão e água uma vez por dia. Sua delicada saúde ressentiu-se disso, e foi necessário apelar para o novo Papa, São Pio V, para que lhe ordenasse atenuar um tanto suas penitências. Zelo apostólico na terrificante peste de 1576. As obras do santo foram incontáveis. "Estabeleceu uma ordem edificante na catedral de Milão; a devoção dos eclesiásticos, a magnificência dos ornamentos, o esplendor das cerimônias formavam um conjunto do mais tocante efeito.

Edificou muitos seminários, fundou um colégio de nobres; os edifícios eram soberbos e as regras traziam o cunho da sabedoria do santo fundador. Estabeleceram em Milão os padres teatinos. [...]

Recebeu os padres da Companhia de Jesus. Fundou também uma congregação de sacerdotes sem votos (Padres Oblatos de Santo Ambrósio), dependentes só dele como seu chefe imediato, a fim de os ter à mão para os empregar consoante o pedissem as necessidades da diocese".(3)

Entretanto, onde o zelo do santo mais se desdobrou foi por ocasião da violenta peste que assolou Milão em 1576. Todos que puderam fugiram, inclusive as autoridades civis. Mas o Pastor não podia abandonar suas ovelhas feridas. Vendeu toda a prataria do palácio episcopal para socorrer os atingidos, deu-lhes todos os móveis de sua casa e até seu próprio leito. Ele os ia confessar e administrar-lhes os últimos sacramentos, visitava-os nos hospitais ou nos tugúrios, ordenou preces e procissões para pedir o fim da epidemia, e ofereceu-se como vítima pelos pecados de toda sua diocese.

As coisas que fez durante essa epidemia foram tão admiráveis, que encheram de assombro toda a corte romana e toda a Cristandade. São Carlos Borromeu morreu aos 46 anos, em 4 de novembro de 1584, sendo canonizado em 1610.(4). Sua festa celebra-se no dia 4 de novembro.
Fonte:www grandessantos.blogspot.com



CORPUS CHRISTI

Mais do que a Encarnação ou a morte na Cruz, o amor de Deus para com os homens manifestado na Eucaristia ultrapassa nossa capacidade de compreensão.


Irmã Clara Isabel Morazzani Arráiz, EP
Maria e Jesus caminham juntos. Através d'Ela queremos permanecer em diálogo com o Senhor,    aprendendo deste modo a recebê-Lo melhor. (Bento XVI, homilia de 11/9/2006).

Corria o ano de 1264. O Papa Urbano IV mandara convocar uma seleta assembleia que reunia os mais famosos mestres de Teologia daquele tempo. Entre eles encontravam-se dois varões conhecidos não só pelo brilho da inteligência e pureza da doutrina, mas, sobretudo, pela heroicidade de suas virtudes: São Tomás de Aquino e São Boaventura.


A razão da convocatória relacionava- se com uma recente bula Pontifícia instituindo uma festa anual em honra do Santíssimo Corpo de Cristo. Para o máximo esplendor desta comemoração, desejava Urbano IV que fosse composto um Ofício, bem como o próprio da Missa a ser cantada naquela solenidade. Assim, solicitou de cada um daqueles doutos personagens uma composição a ser-lhe apresentada dentro de alguns dias, a fim de ser escolhida a melhor.


Célebre tornou-se o episódio ocorrido durante a sessão. O primeiro a expor foi Frei Tomás. Serena e calmamente, desenrolou um pergaminho e os circunstantes ouviram a declamação pausada da Sequência por ele composta:

Lauda Sion Salvatorem, lauda ducem et pastorem in hymnis et canticis (Louva, Sião, o Salvador, o teu guia, o teu pastor com hinos e cânticos) ... Maravilhamento geral.



Frei Tomás concluiu: ...tuos ibi commensales, cohæredes et sodales, fac sanctorum civium (admiti-nos no Céu, à Vossa mesa, e fazei-nos coherdeiros na companhia dos que habitam a Cidade Santa).

Frei Boaventura, digno filho do Poverello, rasgou sem vacilações sua composição, e os demais o imitaram, rendendo tributo ao gênio e à piedade do Aquinate. A posteridade não conheceu as demais obras, sem dúvida sublimes também, mas imortalizou o gesto de seus autores, verdadeiro monumento de humildade e despretensão.


Assista os comentários do Monsenhor João Clá sobre o belíssimo cântico eucarístico

Adoro te devote, em louvor ao Santíssimo Sacramento

Origem da festa de "Corpus Christi"

http://www.youtube.com/

Vários motivos haviam conduzido a Sé Apostólica a dar esse novo impulso à piedade eucarística, estendendo a toda a Igreja uma devoção que já se praticava em certas regiões da Bélgica, Alemanha e Polônia. O primeiro deles remonta à época em que Urbano IV, então membro do clero de Liège, na Bélgica, analisou de perto o conteúdo das revelações com as quais o Senhor Se dignara favorecer uma jovem religiosa do mosteiro agostiniano de Mont Cornillon, próximo a essa cidade.



Em 1208, quando contava apenas 16 anos, Juliana fora objeto de uma singular visão: um refulgente disco branco, semelhante à lua cheia, tendo um dos seus lados obscurecido por uma mancha. Após alguns anos de intensa oração, fora-lhe revelado o significado daquela luminosa "lua incompleta": ela simbolizava a Liturgia da Igreja, à qual faltava uma solenidade em louvor ao Santíssimo Sacramento. Santa Juliana de Mont Cornillon fora por Deus escolhida para comunicar ao mundo esse desejo celeste.



Mais de vinte anos se passaram até que a piedosa monja, dominando a repugnância proveniente de sua profunda humildade, se decidisse a cumprir sua missão, relatando a mensagem que recebera. A pedido seu, foram consultados vários teólogos, entre os quais o padre Jacques Pantaléon - futuro Bispo de Verdun e Patriarca de Jerusalém -, e este mostrou- se entusiasta das revelações de Juliana.

 
Transcorridas algumas décadas, e já após a morte da santa vidente, quis a Divina Providência que ele fosse elevado ao Sólio Pontifício, em 1261, tomando o nome de Urbano IV.


Que seria a Igreja sem a Eucaristia? Seria um museu dotado de coisas antigas e preciosas, mas sem vida.

(...) Por isso Jesus Cristo na Eucaristia é o coração da Igreja. (...) (D. Antonio Augusto dos Santos Marto, Bispo Leiria-Fátima)

Encontrava-se esse Papa em Orvieto, no verão de 1264, quando chegou a notícia de que, a pouca distância dali, na cidade de Bolsena, durante uma Missa na Igreja de Santa Cristina, o celebrante - que passava por provações quanto à presença real de Cristo na Eucaristia - vira transformar- se em suas próprias mãos a Sagrada Hóstia em um pedaço de carne, que derramava abundante sangue sobre os corporais.

A notícia do milagre espalhou-se rapidamente pela região. Informado de todos os detalhes, o Papa mandou trazer as relíquias para Orvieto, com a reverência e a solenidade devidas. E ele mesmo, acompanhado de numerosos Cardeais e Bispos, saiu ao encontro da procissão formada para conduzi-las à catedral.


Pouco depois, em 11 de agosto do mesmo ano, Urbano IV emitia a bula Transiturus de hoc mundo, pela qual determinava a solene celebração da festa de Corpus Christi em toda a Igreja. Uma afirmação contida no texto do documento deixava entrever ainda um terceiro motivo que contribuíra para a promulgação da mencionada festa no calendário litúrgico: "Ainda que renovemos todos os dias na Missa a memória da instituição desse Sacramento, estimamos todavia, conveniente que seja celebrada mais solenemente pelo menos uma vez ao ano para confundir particularmente os hereges; pois, na Quinta-Feira Santa a Igreja ocupa-se com a reconciliação dos penitentes, a consagração do santo crisma, o lava-pés e muitas outras funções que lhe impedem de voltar-se plenamente à veneração desse mistério".

Assim, a solenidade do Santíssimo Corpo de Cristo nascia também para contrarrestar a perniciosa influência de certas ideias heréticas que se alastravam entre o povo, em detrimento da verdadeira Fé.


Já no século XI, Berengário de Tours se opusera abertamente ao Mistério do Altar, negando a transubstanciação e a presença real de Jesus Cristo em Corpo, Sangue, Alma e Divindade nas sagradas espécies. Segundo ele, a Eucaristia não passava de um pão bento, dotado de um simbolismo especial. E em inícios do século XII, o heresiarca Tanquelmo espalhara seus erros em Flandres, principalmente na cidade de Antuérpia, afirmando que os Sacramentos, e sobretudo, a Santíssima Eucaristia, não possuíam valor algum.


Embora todas essas falsas doutrinas já estivessem condenadas pela Igreja, algo de seus ecos nefandos ainda se faziam sentir pela Europa cristã. Assim, Urbano IV não julgou supérfluo censurá-las publicamente, de modo a tirar-lhes todo prestígio e penetração.

A Eucaristia passa a ser o centro da vida cristã

A partir desse momento, a devoção eucarística desabrochou com maior vigor entre os fiéis: os hinos e antífonas compostos por São Tomás de Aquino para a ocasião - entre os quais o Lauda Sion, verdadeiro compêndio da teologia do Santíssimo Sacramento, chamado por alguns o credo da Eucaristia - passaram a ocupar lugar de destaque dentro do tesouro litúrgico da Igreja.

No transcurso dos séculos, sob o sopro do Espírito Santo, a piedade popular e a sabedoria do Magistério infalível aliaram-se na constituição dos costumes, usos, privilégios e honras que hoje acompanham o Serviço do Altar, formando uma rica tradição eucarística.

Ainda no século XIII, surgiram as grandes procissões conduzindo o Santíssimo Sacramento pelas ruas, primeiro dentro de uma âmbula coberta, e mais tarde exposto no ostensório. Também neste ponto o fervor e o senso artístico das várias nações esmeraram-se na elaboração de custódias que rivalizavam em beleza e esplendor, na confecção de ornamentos apropriados e na colocação de imensos tapetes florais ao longo do caminho a ser percorrido pelo cortejo.
Os Papas Martinho V (1417-1431) e Eugênio IV (1431-1447) concederam generosas indulgências a quem participasse das procissões. Mais tarde, o Concílio de Trento - no seu Decreto sobre a Eucaristia, de 1551 - sublinharia o valor dessas demonstrações de Fé: "O santo Sínodo declara que é piedoso e religioso o costume, introduzido na Igreja de Deus, de celebrar todos os anos com singular veneração e solenidade, em dia festivo e peculiar, este excelso e venerável Sacramento, levando-O em procissões por vias e locais públicos com reverência e honra".1


O amor eucarístico do povo fiel não se restringiu, porém, a manifestações externas; pelo contrário, elas eram a expressão de um sentimento profundo posto pelo Espírito Santo nas almas, no sentido de valorizar o precioso dom da presença sacramental de Jesus entre os homens, conforme Suas próprias palavras: "Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo" (Mt 28, 20). O mistério de amor de um Deus que não só Se fez semelhante a nós para resgatar-nos da morte do pecado, mas quis, num extremo de ternura, permanecer entre os Seus, ouvindo seus pedidos e fortalecendo- os em suas tribulações, passou a ser o centro da vida cristã, o alimento dos fortes, a paixão dos santos.

«Ao levar a Eucaristia pelas ruas e as praças, queremos

submergir o Pão descido do céu no cotidiano de

nossa vida; queremos que Jesus caminhe onde

nós caminhamos, que viva onde vivemos»

(Papa Bento XVI - Angelus 18-6-2006)

São Pedro Julião Eymard, ardoroso devoto e apóstolo da Eucaristia, exprimiu em termos cheios de unção esta celestial "loucura" do Salvador ao permanecer como Sacramento de vida para nós:

"Compreende-se que o Filho de Deus, levado por Seu amor ao homem, tenha-Se feito homem como ele, pois era natural que o Criador tivesse interesse na reparação da obra saída de Suas mãos. Que, por um excesso de amor, o Homem-Deus morresse sobre a Cruz, compreende-se também. Mas o que já não se compreende, aquilo que espanta os débeis na Fé e escandaliza os incrédulos, é que Jesus Cristo glorioso e triunfante, depois de ter terminado Sua missão na terra, queira ainda permanecer conosco, num estado mais humilhante e aniquilado do que em Belém e no Calvário".2


"Desejei ardentemente comer convosco esta Páscoa"

A Eucaristia é o maior e o mais sublime de todos os Sacramentos. Embora o Batismo, sob certo ponto de vista, mereça o primeiro lugar por nos introduzir na vida divina, tornando- nos filhos de Deus e participantes de Sua natureza, a Eucaristia supera- o quanto à substância, pois tratase do verdadeiro Corpo, Sangue Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.

O próprio momento e as circunstâncias solenes em que foi instituído indicam sua importância e a veneração que Cristo queria infundir nas almas de seus discípulos por este admirável Sacramento. Para isto reservou Ele as últimas horas que Lhe restavam de convívio com os Apóstolos antes de caminhar para a morte, pois "as últimas ações e palavras que fazem e dizem os amigos no momento de se separar, gravam- se mais profundamente na memória e imprimem-se mais fortemente na alma".3


Naqueles instantes - poder-se-ia afirmar - Seu adorável Coração pulsava com santa pressa de realizar, no tempo, aquilo que desde toda a eternidade contemplara em Sua ciência divina. Suas palavras "desejei ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer" (Lc 22, 15), deixam transparecer claramente os inefáveis anseios de amor do Deus Encarnado por todos os homens, a "multidão de irmãos" (Rm 8, 29), pelos quais iria oferecer-Se naquela mesma noite.

O desejo do Divino Mestre era de que o mistério de Seu Corpo e Sangue se perpetuasse pelos séculos futuros: "Fazei isto em memória de Mim" (Lc 22, 19). Entretanto, devemos considerar que já bem antes da Encarnação havia a Divina Providência multiplicado os símbolos e as figuras que permitiriam aos homens melhor compreender e amar este Sacramento.

A este respeito, diz São Tomás de Aquino: "Este Sacramento é especialmente um memorial da Paixão de Cristo; e convinha que a Paixão de Cristo, pela qual Ele nos redimiu, fosse préfigurada para que a Fé dos antigos se encaminhasse ao Redentor".4


Melquisedec: símbolo e prenúncio do Supremo Sacerdote

Um dos sinais mais remotos da Eucaristia aparece no capítulo 14 do Gênesis, naquele personagem fascinante e misterioso que saiu ao encontro de Abraão quando este voltava de sua vitória contra os reis, e o abençoou, oferecendo pão e vinho. Melquisedec, "rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo" (Gn 14, 18), reunia em si as glórias da realeza, a santidade sacerdotal e o carisma profético.

A Eucaristia é o mais alto ícone da Beleza de Deus

revelada em Cristo, porque é a presença real do

"mais belo entre os filhos dos homens", a verda-

deira beleza em pessoa. (D. Antonio Augusto dos

Santos Marto, Bispo Leiria-Fátima)

Ele é bem o símbolo dAquele que mais tarde proclamaria diante de Pilatos: "Eu sou Rei" (Jo 18, 37) e a propósito do qual todos comentavam: "um grande profeta surgiu entre nós" (Lc 7, 16). Mas naquilo em que Melquisedec mostrou-se mais plenamente imagem de Cristo, foi na posse de um sacerdócio superior ao de Aarão, como está escrito na Carta aos Hebreus: "Se a perfeição tivesse sido realizada pelo sacerdócio levítico, [...] que necessidade havia ainda de que surgisse outro sacerdote segundo a ordem de Melquisedec, e não segundo a ordem de Aarão? Isto se torna ainda mais evidente se se tem em conta que este outro sacerdote, que surge à semelhança de Melquisedec, foi constituído não por prescrição de uma lei humana, mas pela sua imortalidade. Porque está escrito: ‘Tu és sacerdote eternamente segundo a ordem de Melquisedec'" (Hb 7, 11. 15-17).



Jesus Cristo, porém, ao descer à terra, não mais oferece pão e vinho, como outrora Melquisedec, mas sim a oblação pura de Seu Corpo e Sangue: "Não Vos comprazeis em nenhum sacrifício, em nenhuma oferenda, mas formastes-Me um corpo: não desejais holocausto nem vítima de expiação. Então Eu disse: ‘Eis que venho'" (Sl 39, 7-8). Assim Ele levou à plenitude aquilo que Melquisedec apenas prenunciara.

O Cordeiro entregue à morte pelos pecados do povo

No Livro do Êxodo abundam as figuras que nos aproximam da Eucaristia. Encontramo-las, sobretudo, na ceia pascal, prescrita em suas minúcias pelo próprio Deus a Moisés, na qual deveriam os israelitas imolar um cordeiro sem defeito e comê-lo com pães ázimos ao cair da tarde.

A este respeito, ensina o Doutor Angélico: "Neste Sacramento podemos considerar três aspectos: o que é o sinal sacramental, ou seja, o pão e o vinho; o que é realidade e sinal sacramental, ou seja, o verdadeiro Corpo de Cristo; e o que é só realidade, a saber, o efeito deste Sacramento. [...] O cordeiro pascal prefigurava este Sacramento sob os três aspectos. Quanto ao primeiro, porque era comido com pães ázimos, conforme a prescrição: ‘Comerão a carne com pães sem fermento'. Quanto ao segundo, porque era imolado no décimo quarto dia do mês por toda a multidão dos filhos de Israel: nisto era figura da Paixão de Cristo que por Sua inocência é chamado de cordeiro. Quanto ao efeito, porque pelo sangue do cordeiro pascal os filhos de Israel foram protegidos do anjo devastador e libertos da escravidão do Egito".5


O pão sem fermento, com o qual deviam os judeus comer a carne do cordeiro, representava também a integridade do Corpo de Cristo, concebido no seio puríssimo de Maria, sem mancha alguma de pecado, e que, após a morte, não experimentou a corrupção do sepulcro, como anunciara Davi: "Não permitireis que Vosso Santo conheça a corrupção" (Sl 15, 10).

Por isso o Salvador escolheu a noite da Páscoa, principal das festas judaicas, para deixar à humanidade Seu legado de amor, dando a entender que Ele mesmo é o Cordeiro imaculado, entregue à morte para tirar os pecados do mundo, por cujo sangue seria afastada a sentença de condenação que sobre nós pesava desde a queda de Adão e Eva.

Aquela oferenda que os israelitas, reunidos em Jerusalém, imolavam sob as sombras de uma figura profética, o Senhor, rodeado de um punhado de discípulos, levava à perfeição, no exíguo ambiente do Cenáculo. Entretanto, aquilo que as circunstâncias obrigavam Jesus a realizar na escuridão, os Apóstolos deveriam, no momento propício, dizer às claras e publicar de cima dos telhados (cf. Mt 10, 27), de maneira que o Sacrifício da Nova Aliança substituísse definitivamente os antigos sacrifícios e fosse celebrado diariamente sobre todos os altares da terra. Cumprir-se-ia assim a palavra do Espírito Santo pronunciada pela boca de Malaquias: "Do nascente ao poente, Meu nome é grande entre as nações e em todo lugar se oferecem ao Meu nome o incenso, sacrifícios e oblações puras" (Ml 1, 11).

A respeito desta passagem profética, assim comenta Alastruey: "Estes, são, pois, os caracteres do novo culto vaticinados por Malaquias: universalidade absoluta de tempos e lugares; pureza objetiva da vítima em si, incapaz de ser manchada por indignidade alguma do ofertante; excelência insigne, da qual resultará uma grande glorificação de Deus entre os povos".6



Alimento que reparava as forças e dava vigor

Quem come minha Carne e bebe meu

Sangue tem a vida eterna" (Jo 6, 54).

Outra imagem de grande eloquência é a do maná, ao qual o próprio Jesus faz alusão no sermão sobre o Pão da Vida, referido no capítulo sexto de São João. Este alimento branco e miúdo como a geada (cf. Ex 16, 14), contendo em si todos os sabores (cf. Sb 16, 20), que nutriu o povo eleito durante a longa viagem pelo deserto, é símbolo também do Pão do Céu, penhor da ressurreição futura, que alimenta todo cristão, dando-lhe as graças e a fortaleza necessárias para atravessar o deserto desta vida e chegar à Terra Prometida, ou seja, à Pátria Celeste.

 
"O maná - comenta ainda São Pedro Julião Eymard - que Deus fazia cair cada manhã sobre o acampamento dos israelitas, continha todos os gostos e propriedades; reparava as forças decaídas, dava vigor ao corpo e era um pão muito suave. Também a Eucaristia, prefigurada no maná, contém todo gênero de virtudes; é remédio contra nossas enfermidades, força contra nossas fraquezas cotidianas, fonte de paz, de gozo e felicidade".7


A mesa revestida de ouro

Encontramos por fim, ainda no Êxodo, mais uma prefigura desse divino Sacramento, na ordem dada por Deus a Moisés para fazer uma mesa de madeira revestida de ouro puro, onde seriam colocados permanentemente diante do Senhor os pães sagrados ou pães da proposição.

Aqueles pães, "porção santíssima" (Lv 24, 9) que só aos sacerdotes era permitido comer, exigiam a pureza ritual dos corpos (cf. I Sm 21, 4-5) e deviam ser consumidos "em lugar santo" (Lv 24, 9). De nós, se queremos nos aproximar da mesa da Eucaristia, exige-se uma purificação muito superior àquela prescrita pela Lei mosaica: nossa alma - animada por uma reta intenção e com o firme propósito de enveredar pelas vias da perfeição - deve estar livre de pecado mortal. De outro modo, esse inefável Sacramento será para nós causa de condenação: "Todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor. Cada um se examine a si mesmo, e assim coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação" (I Cor 11, 27-29).
Por outro lado, se os pães da proposição estavam reservados exclusivamente a Aarão e seus descendentes, Nosso Senhor Jesus Cristo, o verdadeiro Pão da proposição, oferece- Se em alimento a todos os fiéis, sem exceção, dando aos homens um privilégio do qual aos Anjos, por sua natureza, não é dado gozar. "Coisa admirável! Os pobres, os servos e os humildes comem o seu próprio Senhor" - canta-se no hino Sacris Solemnis, também composto por São Tomás de Aquino para a festa do Corpus.

A mesa de ouro sobre a qual se achavam os pães encerra outro simbolismo muito elevado: ela prefigura a Mãe de Deus, em cujo seio foi formado o Corpo de Jesus. Assim comenta o padre Jourdain: "Maria é a mesa mística magnificamente ornada e feita de madeira incorruptível, que Deus preparou para os que se comprazem na meditação das coisas divinas. Ela é a mesa santa e sagrada, portando o Pão da Vida, Jesus Cristo Nosso Senhor, o sustentáculo do mundo".8



A Eucaristia é a saúde da alma e do corpo, remédio de

toda enfermidade espiritual, cura os vícios, reprime as

paixões, vence ou enfraquece as tentações, comunica

maior graça, confirma a virtude nascente, confirma

a fé, fortalece a esperança, inflama e dilata a caridade.

(Imitação de Cristo, Tomás de Kempis):

Muitos outros indícios do Sacramento da Eucaristia no Antigo Testamento poderiam ser mencionados: Abraão oferecendo seu filho Isaac em sacrifício (cf. Gn 22, 1-13); o pão cozido sob cinza, pelo qual Elias recobrou as forças para andar quarenta dias e quarenta noites até chegar ao Horeb, Monte de Deus (cf. I Rs 19, 5-8); a multiplicação dos pães operada pelo profeta Eliseu para alimentar cem pessoas (cf. II Rs 4, 42-44); etc.

 
Preparação próxima para a revelação da Eucaristia

 
Já no Novo Testamento encontramos três sinais insignes pelos quais o Salvador preparou as almas para o grande mistério cuja manifestação reservara para a véspera de Sua Paixão.

 
Primeiro, a transmutação da água em vinho, nas bodas de Caná da Galileia, cujo efeito nos é relatado por São João: "manifestou a Sua glória, e os Seus discípulos creram nEle" (Jo 2, 11). Mais tarde, a multiplicação dos pães, pela qual Jesus saciou mais de cinco mil pessoas que O haviam seguido até o deserto (cf. Mt 14, 15- 21). A este segundo milagre sucedeuse outro, poucas horas depois: estando os discípulos na barca, em meio ao mar agitado, viram Jesus aproximar-Se deles caminhando sobre as águas (cf. Mt 14, 24-33). Através desses prodígios, o Divino Mestre quis demonstrar o poder absoluto que possuía sobre o vinho e o pão, bem como sobre o Seu próprio Corpo.

Tão belos exemplos nos mostram como o Criador, enquanto divino Pedagogo, foi passo a passo preparando as mentalidades para a revelação do Sacramento da Eucaristia, eterno testemunho de Seu amor e de Seu desejo de permanecer entre nós.

Ajoelhemo-nos diante do Tabernáculo!

Quais devem ser nossa atitude e nossos sentimentos de alma ao considerarmos o extremo de bondade de Deus feito Homem que, tendo-Se encarnado, não abandonou a criatura resgatada por Seu Sangue, mas mantém- Se presente, assistindo e amparando todos os que dEle queiram se aproximar?

Ajoelhemo-nos diante do Tabernáculo ou, melhor ainda, diante do Ostensório, entreguemos a Jesus Sacramentado todo o nosso ser - nosso corpo com todos os seus membros e órgãos, nossa alma, com suas potências, suas qualidades e até as próprias misérias - e ofereçamos a Deus Pai o divino Sangue de Seu Filho, derramado na Cruz em reparação de nossas faltas.

De modo análogo aos raios do sol que, incidindo sobre o rosto, deixamno corado e moreno, assim também, diante do Santíssimo Sacramento nossa alma recebe uma renovada infusão de graças, convidando-nos ao abandono total nas mãos de Jesus, por meio de Maria. Assim, nossas almas irão se transformando rumo à santidade para a qual Deus nos chama.
E se em algum momento, as dificuldades da vida nos fizerem sentir desânimo ou aridez, lembremonos destas tocantes palavras do padre Faber:
"Muitas vezes, quando o homem é tomado de desespero e assaltado por questões, dúvidas, desânimos e incertezas, em considerar a sua vida, e se sente cercado de inimigos, que lhe uivam ao redor, como feras furiosas, então um impulso, que é uma graça, o leva a ajoelhar-se ante o Santíssimo Sacramento e, sem que faça qualquer esforço, eis que todos aqueles clamores se afundam no silêncio. O Senhor está com ele: as vagas se aquietaram, a tempestade abateu-se e diretamente, sem embaraço, a viagem vai terminar no ponto procurado. Não foi necessário mais que olhar para a face de Jesus, e as nuvens se dissiparam e a luz se fez. O esplendor do Tabernáculo reaparece como o sol".9 ²

1 DENZINGER-HÜNERMANN, n. 1644.

2 EYMARD, São Pedro Julião. Obras Eucarísticas, "Eucaristía". 4. ed. Madrid: 1963, p. 65.

3 ALASTRUEY, Gregorio. Tratado de la Santísima Eucaristía. 2. ed. Madrid: BAC, 1952, p. 19-20.

4 AQUINO, São Tomás de. 4 Sent., dist. 8, q. 1, a.2 apud: ALASTRUEY, Op. Cit., p. 7.

5 AQUINO, São Tomás de. Suma Teológica III, q. 73, a. 6, Resp.

6 ALASTRUEY, Op. cit., p. 286.

7 EYMARD, Op. cit., p. 272.

8 JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900, t. I, p. 467.

9 FABER, Frederick William. O Santíssimo Sacramento. Petrópolis: Vozes, 1929, p. 217.

(Revista Arautos do Evangelho, Junho/2009, n. 90, p. 24 à 31)
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O "Lauda Sion"
Monsenhor João Clá Dias, EP

A sequência da Missa de Corpus Christi é constituída por um belíssimo hino gregoriano, intitulado Lauda Sion. Belíssimo por sua variada e suave melodia, e muito mais pela letra, ele canta a excelsitude do dom de Deus para conosco e a presença real de Jesus, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, no pão e no vinho consagrado.

"A devoção à Eucaristia é a mais nobre de todas

as devoções, porque tem o próprio Deus por

objeto; é a mais salutar porque nos dá o próprio

autor da graça; é a mais suave, pois suave é

o Senhor". (S. Pio X)

A própria origem desse cântico é envolta no maravilhoso tipicamente medieval.

Urbano IV encontrava-se em Orvieto, quando decidiu estabelecer a comemoração de Corpus Christi. Estavam coincidentemente naquela cidade dois dos mais renomados teólogos de todos os tempos, São Boaventura e São Tomás de Aquino. O Papa os convocou, assim como a outros teólogos, encomendando-lhes um hino para a sequência da Missa dessa festa.

Conta-se que, terminada tarefa, apresentaram-se todos diante do Papa e cada um devia ter sua composição.

O primeiro a fazê-lo foi São Tomás de Aquino, que apresentou então os versos do Lauda Sion.

São Boaventura, ato contínuo àquela leitura, queimou seu próprio pergaminho, não sem causar espanto em São Tomás que perguntou "por que"? O santo franciscano, com toda a humildade, explicou-lhe que sua consciência não o deixaria em paz se ele causasse qualquer empecilho, por mínimo que fosse, à rápida difusão de tão magnífica Sequência escrita pelo dominicano.
Síntese teológica, em forma de poesia

Aquilo que São Tomás ensinou em seus tratados de Teologia a respeito da Sagrada Eucaristia, ele o expôs magistralmente em forma de poesia no Lauda Sion.

Trata-se de verdadeira pela de literatura, que brilha pela profundidade do conteúdo e pela beleza da forma, elevação da doutrina, acurada precisão teológica e intensidade do sentimento. O ritmo flui de modo suave, até mesmo nas estrofes mais didáticas. A melodia - cujo autor é desconhecido - combina belamente com o texto. A unção é inesgotável.

São Tomás se revela como filósofo e místico, como teólogo da mente e do coração, realizando sua própria exortação: "Seja o louvor pleno, retumbante, alegre e cheio do brilhante júbilo da alma"
Repassemos alguns trechos desse célebre cântico.
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LAUDA SION

1. Louva Sião, o Salvador, louva o guia e pastor com hinos e cânticos.

2. Tanto quanto possas, ouses tu louvá-lo, porque está acima de todo o louvor e nunca o louvarás condignamente.

3. É-nos hoje proposto um tema especial de louvor: o pão vivo que dá a vida.

4. É Ele que na mesa da sagrada ceia foi distribuído aos doze, como na verdade o cremos.

5. Seja o louvor pleno, retumbante, que ele seja alegre e cheio de brilhante júbilo da alma.

6. Porque celebramos o dia solene que nos recorda a instituição deste banquete.

7. Na mesa do novo Rei, a páscoa da nova lei põe fim à páscoa antiga.

8. O rito novo rejeita o velho, a realidade dissipa as sombras como o dia dissipa a noite.

9. O que o Senhor fez na Ceia, nos mandou fazê-lo em memória sua.

10. E nós, instruídos por suas ordens sagradas, consagramos o pão e o vinho em hóstia de salvação.

11. É dogma de fé para os cristãos que o pão se converte na carne e o vinho no sangue do Salvador.

12. O que não compreende nem vês, uma Fé vigorosa te assegura, elevando-te acima da ordem natural.

13. Debaixo de espécies diferentes, aparências e não realidades, ocultam-se realidades sublimes.

14. A carne é alimento e o sangue é bebida; todavia debaixo de cada uma das espécies Cristo está totalmente.

15. E quem o recebe não o parte nem divide, mas recebe-o todo inteiro.

16. Quer o recebam mil, quer um só, todos recebem o mesmo, nem recebendo-o podem consumi-lo.

17. Recebem-no os bons e os maus igualmente, todos recebem o mesmo, porém com efeitos diversos: os bons para a vida e os maus para a morte.

18. Morte para os maus e vida para os bons: vede como são diferentes os efeitos que produz o mesmo alimento.

19. Quando a hóstia é dividida não vaciles, mas recorda que o Senhor encontra-se todo debaixo do fragmento, quanto na hóstia inteira.

20. Nenhuma divisão pode violar as substâncias: apenas os sinais do pão, que vês com os olhos da carne, foram divididos! Nem o estado, nem as dimensões do Corpo de Cristo são alteradas.

21. Eis o pão dos Anjos que se torna alimento dos peregrinos: verdadeiramente é o pão dos filhos de Deus que não deve ser lançado aos cães.

22. As figuras o simbolizam: é Isaac que se imola, o cordeiro que se destina à Páscoa, o maná dado a nossos pais.

23. Bom Pastor, pão verdadeiro, de nós tende piedade. Sustentai-nos, defendei-nos, fazei-nos na terra dos vivos contemplar o Bem supremo.

24. Ó Vós que tudo o sabeis e tudo o podeis, que nos alimentais nesta vida mortal, admiti-nos no Céu, à vossa mesa e fazei-nos co-herdeiros na companhia dos que habitam a cidade santa.
Amém. Aleluia.

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Louva Sião, o Salvador, louva o Guia e Pastor com hinos e cânticos


As palavras do subtítulo acima constituem o primeiro verso do Lauda Sion. É a expansão do coração de um santo, tomado pela graça mística de encanto pelo Santíssimo Sacramento, que pede a Sião, quer dizer, ao povo eleito do Novo Testamento, que passe a louvar o Salvador. Ele, o maior teólogo da história da Igreja - "o mais sábio dos santos, e o mais santo dos sábios" - era, tão fervoroso devoto de Jesus Eucarístico que, nas horas em que sentia dificuldade nos seus estudos, colocava a cabeça dentro de um sacrário à procura de ser iluminado pelo próprio Deus, e não a retirava enquanto não encontrasse a solução.

Desse primeiro verso até o final da quinta estrofe, São Tomás condensa todo o infinito louvor ao Santíssimo Sacramento do Altar.

"A Santa Missa é o presente mais precioso e mais agradável

que podemos oferecer à Santíssima Trindade; vale mais que o

céu e a terra; vale o próprio Deus" (São João Batista Vianney)

Ele continua a conclamar os fiéis a "louvar o guia e pastor com hinos e cânticos". Mas, como louvar adequadamente esse santo sacramento? Como louvar de modo suficiente o próprio Deus? É o sacramento mais elevado e substancioso de todos, pois nele está presente o próprio Homem-Deus, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Não há palavras, não há gestos, não há nada a ser oferecido que esteja à altura d'Ele.

Por isso São Tomás quase geme ao dizer: "Tanto quanto possas, ouses tu louvá-Lo, porque está acima de todo o louvor e nunca O louvarás condignamente".

E explica ser essa a tarefa que recebeu do Papa: "É-nos hoje proposto um tema especial de louvor, o pão vivo que dá a vida".

"É Ele que na mesa da sagrada ceia foi distribuído aos doze, como na verdade o cremos. Seja o louvor pleno, retumbante, que ele seja alegre e cheio de brilhante júbilo da alma".

O santo se preocupa em incentivar em nossa alma um louvor, o mais perfeito de que sejamos capazes, para assim nos aproximarmos do Santíssimo Sacramento e adorar a Jesus, que ali se encontra por detrás do "véu" do pão e do vinho.

Porque celebramos o dia solene que nos recorda a instituição deste banquete

A partir deste verso, até a décima estrofe, São Tomás passa a apontar a instituição da Eucaristia na festa litúrgica estabelecida pelo Papa.

"Na mesa do novo Rei, a páscoa da nova lei põe fim à páscoa antiga". O rito da Igreja Católica Apostólica Romana encerrara o da Antiga Lei, que era uma prefigura dele. Por isso completa São Tomás:

"O rito novo rejeita o velho, a realidade dissipa as sombras como o dia dissipa a noite".

Sim, uma vez tendo vindo ao mundo o simbolizado, não faz sentido celebrar o símbolo. O culto da Sinagoga no antigo Testamento era todo voltado para a espera do Salvador, e seus ritos simbolizavam-No. No novo rito, na celebração Eucarística, Nosso Senhor Jesus Cristo se imola Ele próprio. Ora, estando presente o simbolizado, para que o símbolo? Qual o sentido de imolar um cordeiro?O rito novo rejeita o velho ...

"O que o Senhor fez na Ceia, nos mandou fazê-lo em memória sua".

Aqui São Tomás recorda as palavras de Jesus na Ceia da Quinta-feira Santa: "Fazei isto em memória de mim".

"E nós, instruídos por suas ordens sagradas, consagramos o pão e o vinho em hóstia de salvação".

São Tomás, sacerdote, podia dizer com toda a propriedade: "instruídos por suas ordens sagradas". É uma referência ao Sacramento da Ordem, que da àquele que o recebe a grande glória de poder emprestar sua laringe e suas mãos ao Divino Mestre. Para que, sobre o altar, se opere um dos maiores milagres - e o mais freqüente deles - da História da humanidade: a transubstanciação. Quer dizer, a substância vinho cedem lugar à substância Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.

É dogma de Fé para os cristãos que o pão se converte na carne e o vinho no sangue do Salvador

A partir deste ponto, em dez estrofes, o autor dá em detalhe, numa maravilhosa síntese, a doutrina católica sobre o Sacramento do Altar. Ele continua:

"O que não compreendes nem vês, uma Fé vigorosa te assegura, elevando-te acima da ordem natural".
De fato, pela nossa inteligência, jamais chegaríamos a penetrar neste mistério tão sagrado. Nem sequer os demônios, que, embora decaídos, são de natureza angélica, e portanto superior à nossa, conseguem discernir nas aparências do pão e do vinho o Homem-Deus. Só mesmo a Fé nos faz penetrar neste mistério sagrado.

"Debaixo de espécies diferentes, aparência e não realidades, ocultam-se realidades sublimes".

São Tomás volta a insistir na idéia de que os "véus" do vinho e do pão ocultam realidades divinas.

"A carne é alimento e o sangue é bebida; todavia debaixo de cada uma das espécies Cristo está totalmente".
Esta é uma verdade de Fé, que a Teologia nos explica. Olhando para o vinho e para a hóstia consagrados, poderíamos ser levados a imaginar que a carne está só na eucaristia pão, e o sangue só na eucaristia vinho. Entretanto, a doutrina nos diz e a nossa Fé assimila que o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo encontram-se plenamente tanto na hóstia como no vinho consagrados.
"E quem o recebe não o parte nem divide, mas recebe-o todo inteiro."
Outra das impressões equivocadas que podem transpassar uma alma é esta: ao ver o ministro dividindo uma hóstia, pensar que Nosso Senhor já não se encontra inteiro em cada uma das partículas. Não é verdade; Por um mistério sagrado, Nosso Senhor Jesus Cristo se encontra de modo integral em todas as frações que sejam visíveis.
"Quer o recebam mil, quer um só, todos recebem o mesmo, nem recebendo-O podem consumi-Lo"

Senhor meu Jesus Cristo, que, por amor aos homens,

ficais dia e noite neste Sacramento, todo cheio de

misericórdia e amor, esperando, chamando

e acolhendo todos os que vêm visitar-Vos, eu

creio que estais presente no Sacramento do

altar... (Santo Afonso de Ligório)

Outra verdade de Fé: se um milhão de pessoas comungarem ao mesmo tempo, como já aconteceu em algumas Missas presididas pelo Santo Padre em suas viagens pelo mundo, todos estarão recebendo um só e o mesmo Jesus, sem qualquer fracionamento de seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Todos O recebem no seu todo. E eis mais um mistério: ao receber Nosso Senhor Jesus Cristo, não podemos consumi-Lo, pois, quando se desfazem as espécies sagradas em nosso organismo, Ele deixa o nosso corpo sem tocá-lo, santificando nossa alma e dando-nos vigor até na saúde.

"Recebem-No os bons e os maus igualmente, todos recebem o mesmo, porém com efeitos diversos: os bons para a vida e os maus para a morte. Morte para os maus e vida para os bons: vede como são diferentes os efeitos que produz o mesmo alimento"



Quem comunga em estado de graça, recebe um influxo de vida e de força espiritual e até corporal. Entretanto, ai daqueles que se aproximam desse Sacramento em estado de pecado mortal" O odor da morte se assenhoreia ainda mais da alma, e do próprio organismo. Quanto cuidado devemos tomar para não nos aproximarmos da Eucaristia sem estarmos inteiramente preparados. Procuremos antes o confessionário, que se encontra à nossa disposição, e saibamos ajoelhar-nos com humildade e pedir perdão de nossas faltas.



"Quando a hóstia é dividida, não vaciles, mas recorda que o Senhor encontra-se todo debaixo do fragmento, quando no hóstia inteira. Nenhuma divisão pode violar a substância: apenas os sinais do pão, que vês com os olhos da carne, foram divididos! Nem o estado, nem as dimensões do Corpo de Cristo são alterados".

São Tomás retorna aqui o que já ensinara mais acima, para solidificar nas almas a doutrina católica a respeito da Eucaristia.

"Eis o pão dos Anjos que se torna alimento dos peregrinos"
O santo recorda nestas frases que o Sacramento do Altar é a realização de antigos signos: "Verdadeiramente é o pão dos filhos de Deus que não deve ser lançado aos cães. As figuras o simbolizam, é Isaac que se imola, o cordeiro que se destina à Páscoa, o maná dado a nossos pais".

As últimas estrofes louvam o Bom Pastor que nos alimenta e guarda e nos faz futuramente participantes do Banquete Celestial. Nesse trecho final, letra e melodia se unem numa suprema beleza, de irresistível doçura:



"Bom Pastor, pão verdadeiro, Jesus,, de nós tende piedade. Sustentai-nos, defendei-nos, fazei-nos na terra dos vivos contemplar o Bem supremo.



"Ó Vós que tudo sabeis e tudo podeis, que nos alimentais nesta vida mortal, admiti-nos no Céu, à vossa mesa e fazei-nos co-herdeiros na companhia dos que habitam a cidade santa. Amém. Aleluia".



(Revista Arautos do Evangelho, Junho/2002, n. 06, p. 6 à 10)